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12.7.06

Jornal Eletrônico I



JORNAIS COMEÇAM A TESTAR SUAS VERSÕES DIGITAIS ENVIADAS VIA INTERNET E VISUALIZADAS EM PAPEL ELETRÔNICO... 08/05/2006

Há tempos se prevê que os jornais convencionais, impressos em papel, ganharão versões eletrônicas exibidas em telas portáteis. Esse projeto com ares futuristas está, pode-se dizer, deixando de ser futuro. Desde o início do ano, diversos jornais em vários países iniciaram testes. O primeiro a circular no novo formato, em fase experimental, é o belga De Tijd, especializado em economia. Há duas semanas, o jornal entregou telas portáteis, os chamados e-readers, a 200 de seus assinantes. Nos próximos três meses, esses leitores vão receber as notícias através de conexão sem fio com a internet, lendo-as como se estivessem impressas nos jornais convencionais. A tela dos e-readers é dotada de papel eletrônico, conhecido como e-paper. Essa tecnologia utiliza milhões de cápsulas microscópicas preenchidas com pigmentos claros e escuros que se movimentam quando ativados por uma corrente elétrica. Conforme a intensidade da corrente, os pigmentos mudam de posição dentro da cápsula e a imagem se forma por contraste na superfície da tela. "A vantagem do papel eletrônico é que ele permite uma leitura mais confortável e menos cansativa do que nas telas de cristal líquido", disse a VEJA Nico Verplancke, gerente de pesquisa do instituto belga IBBT, parceiro do De Tijd no projeto da versão eletrônica do jornal.
Os projetos de jornais eletrônicos surgiram no fim dos anos 90, quando foram lançados os primeiros e-readers, destinados à leitura de livros, mas não seguiram adiante porque os aparelhos disponíveis na época eram pesados e desajeitados. Com o papel eletrônico, os e-readers ficaram mais leves e práticos. Como a eletricidade não é necessária para manter a imagem na tela, consomem menos energia das baterias, permitindo mais horas de leitura entre as recargas. A tela de papel eletrônico não apresenta aqueles reflexos indesejáveis que, em locais muito iluminados, atrapalham a leitura das telas de cristal líquido que equipam laptops, palms e celulares. O primeiro modelo de e-reader com papel eletrônico, o Librié, foi lançado pela Sony em 2004, mas, pouco funcional, o produto naufragou no mercado. No começo deste ano, a companhia japonesa lançou uma versão mais moderna do Librié, o Sony Reader, que deve ser utilizada pelos jornais eletrônicos.
Para seu programa piloto, o jornal De Tijd optou pelo e-reader iLiad, recém-lançado pela iRex Technologies, uma antiga subsidiária da Philips. O aparelho utiliza papel eletrônico como tela e lê praticamente todos os tipos de documentos digitais, como arquivos de texto e do tipo PDF. Os leitores podem se conectar a qualquer momento em busca de novas notícias, seja através de uma rede sem fio doméstica, seja de redes públicas como as disponíveis nos cibercafés e aeroportos. Basta apertar um botão para que o jornal seja atualizado automaticamente. A tela do iLiad é um pouco menor que uma folha de papel A4 dobrada ao meio, com 12,2 centímetros de largura por 16,3 de altura. O aparelho pesa 390 gramas e sua espessura é de apenas 1,6 centímetro. Além de armazenar até trinta edições eletrônicas do Tijd, o iLiad permite que se façam anotações sobre os textos. O dispositivo reconhece a escrita feita sobre a tela com uma caneta do tipo stylus, semelhante à dos palms. "As pessoas já se acostumaram a andar com celulares, laptops, iPods e câmeras digitais. O jornal eletrônico é mais um item nessa lista", disse a VEJA Hans Brons, presidente da iRex.
Além de servir como atrativo para leitores mais jovens, habituados a buscar notícias na internet, o jornal eletrônico elimina custos com papel, impressão e distribuição. Diários de grande circulação, como o americano The New York Times, o inglês The Daily Telegraph e o espanhol El País, também estão testando dispositivos eletrônicos semelhantes ao do De Tijd. Em março deste ano, o jornal francês Les Echos apresentou um protótipo de versão eletrônica feito para o e-reader da Sony. "É uma evolução inevitável", disse a VEJA o francês Bruno Rives, presidente da consultoria Tebaldo, que ajudou a desenvolver o protótipo. Outros jornais preferem esperar o aperfeiçoamento das telas flexíveis, que podem ser enroladas ou até mesmo dobradas. A tecnologia foi desenvolvida por várias empresas, entre elas a inglesa Plastic Logic e a holandesa Polymer Vision. Consiste em utilizar altas temperaturas para colar o circuito do papel eletrônico a um filme de plástico bem fino, tornando-o flexível. Esse tipo de tela está em fase de testes em protótipos e deve ser colocado à venda até o fim de 2007. "A tela flexível traz inúmeras possibilidades de design para o jornal, coisas que nem sequer poderíamos imaginar antes", diz Hans Brons, da iRex. Alguns jornais também esperam a chegada de papéis eletrônicos coloridos. O iLiad da iRex trabalha com preto e branco, oferecendo até dezesseis tons de cinza, mas já existem versões de telas coloridas e flexíveis em teste. É improvável que as telas eletrônicas venham a substituir totalmente a versão impressa dos jornais, mas certamente serão uma alternativa atraente

Fonte: Revista Veja

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